quarta-feira, dezembro 10, 2008

PARA MEUS AMIGOS PALHAÇOS (ROGERIO SILVA E KINHO ARAUJO)


Como palhaço
Teca Miranda

Coloca sua máscara para sobreviver.

Sorri, chora, fica brava, faz pirraça.
Desnorteada sente que vai enlouquecer
e como palhaço acha graça da desgraça.
No picadeiro da vida faz malabarismo,
mágica e se arrisca no globo da morte.
Sofre inquieta sem entender o absolutismo,
o desmando de gente que se acha forte.
Parem com esse falso espetáculo,

deixem que a máscara do palhaço caia,
que consiga atingir seu pináculo
mesmo que só consiga vaia
.
O Palhaço Chorou

Schyrlei Pinheiro


Hoje tem espetáculo?

O poeta palhaço

veio nos homenagear;

deu mil cambalhotas

jogou letras no ar,

trepou no trapézio,

andou sobre as linhas,

fingindo se equilibrar

na mentira, que sabia

como a platéia enganar.

Hoje tem espetáculo ?

e o palhaço, quem é?

Um poeta?

Não! é um trapalhão;

sua alegria é dançar no salão.

Sorria palhaço !

Acabou sua apresentação.

Hoje tem espetáculo,

hoje tem alegria;

está entrando em cena

a verdadeira poesia !


PALHAÇO

Terê Penhabe


Sou palhaço, de fazer rir me orgulho

entre eu e o mundo existe um muro

a minha alma em versos distribuo

do meu tesouro inteiro eu me desfaço
.


Enfeito o meu rosto com uma lágrima

que cobre a verdadeira, que é salgada

igual ao mar, que eu amo tanto

e quiçá, seja feito do meu pranto.

Num rosto amigo meu olhar passeia

perguntando se por mim anseia

porque nada além do riso eu posso dar

meu coração não aprendeu a amar.


E sozinha no meu quarto encaro o espelho

tentando descobrir meu próprio anseio

um sonho que escapou, quem sabe um dia

quando eu os tinha ainda e acalentava.


Mas nada encontro e o riso se desfaz

a lágrima se oculta, seca, ineficaz

vou pela vida buscando um amanhã

que mesmo vazio, me traga a paz.


E enquanto isso, meu riso continua

meio torto, indelicado, mal feito

mas é a oferta que tenho, e é tua.

É fácil nele crer, se você crê na lua...



Poeta de Cara Pintada
Marilena Ferioli Basso

Quantas vezes é preciso
pintar a cara, igual a do
"Palhacinho de Circo",
do bom tempo de criança...
Algumas vezes sob a pintura
ela esconde uma grande alegria,
que para ser colocada para fora
é necessário um lápis e
uma folha de papel para que
em versos fique eternizada...
Outras vezes a máscara
esconde uma tristeza
tão grande e profunda,
que as lagrimas escorrem
pela face borrando a maquiagem.
Mais uma vez o poeta
sai atrás de seus apetrechos,
e de soluços em soluços,
vai registrando seu
estado de alma.
Quando lava o rosto,
torna-se imune às sensações,
covardemente esconde
seus sentimentos,
e não os deixa registrados...
Pobre poeta !!!


Ria palhaço!
Ergue os braços,
alcança o céu
do amor e da alegria;
distribui ao mundo parte de tua euforia
para secar as lágrimas desconsoladas,
que escorregam de nossas faces lavadas
pelo rio do desencanto e da agonia.
canta palhaço!
Espalha o teu eco no mormaço,
joga tua voz rouca nos picadeiros do mundo,
com o som de todos os vagabundos
que esperneiam diante da solidão.
Brinca palhaço!
pula em estilhaço,
envolve o humor do teu lado são,
disseminando esperanças desmedidas
no âmago das cidades reprimidas
pela covarde falta de opção.
Chora palhaço!
verte teu cansaço...
Molha com tuas lágrimas a dor;
esquece tuas mágoas, teu mal de amor.
Chora pra aliviar teu amargor,
mas, vê se não borras a maquiagem
o espetáculo continua, e tua imagem
tem que estar em perfeito resplendor.



Alma de Palhaço
faffi (Silvia Giovatto)



Abrem-se as cortinas, atenção!

Vai começar o espetáculo..

.
Lá vem o palhaço!


fazendo palhaçada, dando piruetas

batendo palmas sem parar...

O que será que ele está aplaudindo,

se deixou em casa um filho doente,

uma mesa vazia

um fogão apagado

uma mulher cheia de mágoas?

Pobre palhaço!

carregando um coração destroçado


ele domina o picadeiro pra ganhar o seu pão

Que alma linda tem o palhaço!

Esquece seus problemas e aplaude a multidão,

que nem imagina, que atrás daquela cara pintada

tem um homem que não pode chorar,

pra não borrar sua ilusão.


O palhaço
Mara Figueredo


Pintei meu rosto para sobreviver e esconder as tristezas porque passei.


Pintei meu rosto porque sou um palhaço, que neste palco, estando feliz ou não, jamais demonstra a tristeza que traz no coração


Pintei o meu rosto para esconder as lágrimas que já derramei.


Pintei meu rosto para encontrar força para continuar a vida.


Pintei meu rosto para viver a ilusão de ter um amor verdadeiro


Pintei meu rosto porque a maior das minhas emoções é fazer brotar em seus lábios, um sorriso de alegria.


Pintei meu rosto para apagar as mágoas e as cicatrizes do passado.


Pintei meu rosto para não deixar transparecer nele a certeza de um amor não correspondido.


Pintei meu rosto porque neste circo da vida eu sou apenas um 'palhaço' que quer roubar seu coração.
Palhaço

Jose Carlos de Avelar


Respeitável publico..
.
Agora apresentamos para vocês

Piripiripiri - O Palhaço Zeka

com seu nariz de peteka!!!


E com o mais largo dos sorrisos,

nesse palco das vidas, passo a passo

vou entrando, colorido travestido

da mais pura pueril cara de palhaço


Mas... não pense o desavisado leitor

que ser palhaço é se despir de valor

Tocam as musicas alegres e a orquestra

que nas vidas nem só de dó fazem as notas

ao som da música e dal´gazarra de crianças

o palhaço Zeka se desmancha em cambalhotas


As crianças com seus saquinhos de pipoca

vendo as estripulias do palhaço faz a farra

inundando de alegria o circo das vidas

e aumentando ainda mais a algazarra


Mas... o publico que sorri assim de montão,

não desconfia se ri ou chora - do palhaço o coração

POETA PALHAÇO

Lauro Kisielewicz


No meu dia a dia

assim como no de todos nós

mergulhado em dívidas


que ninguém quer dividir..

vendo a miséria de muitos,

pois poucos recusam repartir


o muito que lhes sobra e apodrece...

Ninguém merece!

É muita dificuldade,

para chegar na faculdade,

pode-se passar na frente,

morrer como indigente

para ter o corpo examinado

na faculdade de medicina,

ou mendigar alí na esquina,

escancarando boca de um dente só

em um sorriso de fazer dó

no meio da face coberta de pó

e o povo ainda rí

rí dos outros,

rí de tudo,

rí de sí mesmo...

vivendo a esmo.

resistindo a tudo

achando graça da fome

revirando lixo fedorento


em busca de "nova" indumentária

ou mesmo de seu sustento

sem que a Vigilância Sanitária

atente para esses momentos...

É preciso ser de aço

quem sabe, um poeta palhaço

para rir da própria desgraça

de vida dura que passa


a cada dia, a cada passo,

sem desistir de encarar

um novo dia, cópia do anterior,

sem teto, sem alimento, sem amor.
..

só mesmo sendo de aço...

ou quem sabe... um poeta palhaço...



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