quarta-feira, julho 08, 2009

À Morte Peço a Paz Farto de Tudo

À morte peço a paz farto de tudo,
de ver talento a mendigar o pão,

e o oco abonitado e farfalhudo,

e a pura fé rasgada na traição,

e galas de ouro es despejados bustos,

e a virgindade à bruta rebentada,

e em justa perfeição tratos injustos,

e o valor da inépcia valer nada,

e autoridade na arte pôr mordaça,

e pedantes a engenho dando lei,

e a verdade por lorpa como passa,

e no cativo bem o mal ser rei.

Farto disto, não deixo o meu caminho,

pois se eu morrer, é o meu amor sozinho.


William Shakespeare, in "Sonetos (66)"

Nenhum comentário: